quinta-feira, 4 de março de 2010


Há uma necessidade cultural de puxar conversa com quem está calado. Como se a conversa fosse companhia. Como se falar fosse um favor.
Há a necessidade de criticar quem mora com independência, como se fosse falta de opção.
Há a necessidade cultural de chamar de coitado ou coitada quem não depende de um telefonema para levantar os braços.
Há a necessidade cultural de condenar a solteira e logo deduzir que não arrumou namorado por descrédito pessoal.
E será que não é escolha?
Há uma necesssidade cultural de chamar pra se divertir um filho que lê um livro no quarto. Será que aquilo não é diversão? Escutei muito: [vá brincar lá fora, tem sol!] Dentro não pode ter sol?


Nem tudo que é par é completo.


[Carpinejar in O amor esquece de começar]